domingo, agosto 15, 2010


Shakespeare: o mundo é um palco: uma biografia, Cia. das Letras, de Bill Bryson, é, antes, uma esforçada crônica da Inglaterra elisabetana que um tratado biográfico. O próprio autor em vários momentos parece se escusar pela empresa modesta, quando alega, por exemplo, a escassez de documentos que auxiliem a elucidação da vida do poeta. De tal modo, há um vasto número de curiosas observações de natureza histórica que, aliadas a outras tantas conjecturas, ajudam a tecer o contexto em que Shakespeare vivia, sem, contudo, desvendar sua intimidade.
Ficamos sabendo dos excessos a que eram submetidos os estudantes londrinos, que tinham que decorar as mais de 150 maneiras diferentes de se dizer “obrigado por sua carta”, em latim. Conhecemos as excêntricas golas picadilly, a dieta de pão preto e queijo seguida pela frugalidade inglesa do século XVII, ou, ainda, do bizarro clareamento de pele provocado pelo composto de enxofre e chumbo que as mulheres passavam no corpo como medida de embelezamento. Enfim, é mais um livro de cansativas especulações, como, aliás, qualquer outra obra que pretenda discorrer sobre a vida do bardo, quem parece haver, premeditadamente(!), cuidado de se preservar da posteridade implacável. Quem sabe...? Seja como for, ficamos com o melhor, e o que diz ao artista, sem dúvida, é sua arte.

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