segunda-feira, setembro 06, 2010

Às vezes, penso na humanidade. Penso nessa enorme família, distante, algo que muita vez imponderável, mas que está lá, aqui, em todo lugar, apesar da não rara indiferença. Às vezes, penso nas crianças que não podem, que não têm, enquanto por uma insignificante fração de tempo não estou pensando em mim e nos problemas que crio não sem alguma arte. Cansado de mim, às vezes, volto a atenção para ela, e com que surpresa me esqueço e me reencontro, já outro, não mais a remoer mesquinharias, porquanto parte de algo maior. Encontro, assim, a importância que me diz respeito no outro, sem o qual me converteria, após a egolatria desoladora, em nada. Penso, quando de mim esqueço, o que não tenho feito, o auxílio omitido, o horror que me grita ao ouvido, ajude-me!, ajude-me! E quase que lamento, não fossem as injunções do progresso que me alijam da condição de vítima, por um instante. Às vezes, dela sinto profunda e intensa saudade. Onde a humanidade da qual sou filho e irmão? E quase choro para finalmente esquecê-la. Quem sabe um dia... não a abrace?, não a conforte para a minha paz?, num gesto simples e silente.

Sem comentários: