terça-feira, outubro 09, 2007

De ordinário
Virtude apreciável em uma pessoa é a gratidão. Sempre tentei ensaiar tal qualidade, de forma precária é bem verdade, presenteando alguém, cuja atitude tenha me beneficiado ou agradado, com um livro ou um cd. Mas na busca desse invejável predicado, acabo por esbarrar num problema insondável que resulta no confisco do presente. É, acabo por gostar do livro e fico com ele. Sem maiores remorsos. E, assim, conheci Gonçalo M. Tavares e seu O Senhor Calvino, editado por esses dias ô pá, pela Casa da Palavra. Quem vê a capa não dá nada. Livrinho fininho de contos que não pára em pé. Mas, vá lá. É, assim, singelo na aparência que surpreende o desavisado desde o início: “Do alto de mais de trinta andares, alguém atira da janela abaixo os sapatos de Calvino e a sua gravata. Calvino não tem tempo para pensar, está atrasado, atira-se também da janela, como que em perseguição.”
Dei uma olhada em outros volumes de seus contos que fazem parte do projeto O Bairro e, tanto em O Senhor Brecht como em O Senhor Kraus, fui absorvido de logo pela atmosfera lúdica, fantástica mesmo, que sublima dos textos à maneira de poesia, a nos insinuar algo que, por si só, o texto não comporta. Mas, não são poemas não. Nem prosa poética. Corta essa.

Sem comentários: