A música. Das artes, o grande
catalisador de sentimentos. Sentimentos que podem transitar do êxtase mais
sublime aos impulsos miseravelmente primitivos. Ao ouvir Rachmaninoff tenho
dificuldade em dimensionar o abismo, temo intransponível, que separa sua obra
de rara genialidade dos movimentos de acanhado esforço, cujos frutos ressentem
as limitações da via degenerada. Admito a irrelevância que assombra tais
comparações, até porque despreza os estados evolutivos que afetam o contínuo
refinamento dos sentidos e dos sentimentos, da técnica e do raciocínio. Mas, e
eis a questão que insiste nota, como não se constranger diante dos arremedos
que, disfarçados de arte, assomam por toda a parte quais pantomimas de remota
inteligência? Como se resignar ante manifestações burlescas onde demora a
humanidade no ancestral jogo das recompensas parasitas?
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