terça-feira, novembro 01, 2011


A música. Das artes, o grande catalisador de sentimentos. Sentimentos que podem transitar do êxtase mais sublime aos impulsos miseravelmente primitivos. Ao ouvir Rachmaninoff tenho dificuldade em dimensionar o abismo, temo intransponível, que separa sua obra de rara genialidade dos movimentos de acanhado esforço, cujos frutos ressentem as limitações da via degenerada. Admito a irrelevância que assombra tais comparações, até porque despreza os estados evolutivos que afetam o contínuo refinamento dos sentidos e dos sentimentos, da técnica e do raciocínio. Mas, e eis a questão que insiste nota, como não se constranger diante dos arremedos que, disfarçados de arte, assomam por toda a parte quais pantomimas de remota inteligência? Como se resignar ante manifestações burlescas onde demora a humanidade no ancestral jogo das recompensas parasitas?                  

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