segunda-feira, janeiro 24, 2011

Nos meus dias de infância, minha mãe reagia às estripulias mais arrojadas mandando-me para a China comunista. Naquele tempo, não fazia clara idéia nem imaginava o alcance daquela praga que soaria como uma brincadeira, destituída de qualquer ameaça efetiva à minha integridade, não fosse a fisionomia severa que a acompanhava. Hoje percebo o eufemismo, pois era o mesmo que prescrever o inferno, ou algo semelhante ao experimentado pelo bailarino Li Cunxin, quem, aliás, realizou interessante documento daquele período difícil para humanidade (e, sobretudo, para os chineses) em seu livro Adeus, China (o último bailarino de Mao), aqui no Brasil pela editora Fundamento . As privações da população camponesa, a falta de liberdade, a opressão, a loucura de uma época fundamental não apenas para a ciência de uma nação tão singular, mas também para entender os percalços da humanidade, a esperança, Li Cunxin descreve em um estilo singelo, mas autêntico, em uma autobiografia que surpreende e comove.
Sobre o tema, recomendo aos cinéfilos o excelente Balzac e a Costureirinha Chinesa, de Dai Sijie, e Três Gerações, Um Destino, de Young Hou.

Sem comentários: