domingo, janeiro 18, 2009

Retorno, enfim, à aridez do centro-oeste brasileiro, sítio de atmosfera sensivelmente mais densa que o litoral, quase sempre fuliginosa, livre de umidade, a nos irritar os olhos e a nos fazer partir os lábios num sorriso doloroso. Do tópico ao atópico como diria Bachelard, mas quem sou eu para me opor, vez livre e diante do universo de experiências e oportunidades peculiares. E se aqui nada me falta, não fosse o mar e as práticas de espontânea cordialidade, impossíveis à abstração! Todavia, eis também aqui grande ensejo à desintegração do “lugar”, do leito natal ao que nos vinculamos afetivamente à guisa de norte ou reserva energética. Eis que fora não pertenço a outro local senão à lembrança mais e mais remota, que se confunde com a própria existência. O lugar, assim, instala-se sutilmente nos recônditos da memória que nos habita, de modo a sermos, nós exilados, nosso próprio lar, alheios às raízes topográficas e cada vez mais próximos de uma pátria universal.

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