domingo, maio 04, 2008

Quando a viu pela primeira vez, pressentiu o inevitável: jamais a esqueceria. A música, agora distante, conduzia sua entrada qual a melhor cena do filme preferido, sempre disposta à atenção mais dedicada, posto tão próxima de perfeições. Preencheu, assim, todo o espaço de uma festa que não era pra ela, senão pelo fato de que, diante dos que ali estavam, resplandecia. Ao pressentir iminente perigo, ele fechou os olhos numa tentativa de fuga vã, diga-se, ao perceber finalmente que já a trazia indelével na idéia mais simples. Ela era uma música, era um filme, inefável e aparentemente real. Quis vê-la sorrir, dançar, discutir, dançar novamente, brigar, comer sucrilhos matinais, pagar contas no caixa eletrônico. Apavorado, saltou janela afora. No outro lado, ela o esperava.

1 comentário:

nathanael: disse...

caio nesse espaço sem saber ao certo como. mas, ao lê-lo, e em especial esse texto é de uma profundidade que me intriga; absurda! ainda que tenha 'contemporaneidade alimentar', transcende. parabéns. abs