domingo, abril 03, 2011

Filósofos de que nunca ouvi falar (I)
Willian Getaway (1910-1996), filósofo inglês solipsista, considerou em um dos poucos escritos relegados à posteridade que “o homem é a dor a que si mesmo aflige.” Dor, haja o estado constante de incômodo por que se depaupera e de que apavorado foge. Aplicada a si mesmo e, portanto, imanente, pois não há como conceber algoz à vítima (a não ser pela vontade de se vitimizar) sem ignorar os princípios de harmonia e equilíbrio geridos por leis intransponíveis análogas às que descrevem o fenômeno físico mais elementar. Teísta, escreveu em seu monumental, mas pouco conhecido, A Metafísica do Ignorante, que quem ousa acreditar em Deus não pode fazê-lo sem, antes, conhecer-se a si mesmo, de tal modo “o crente ignorante de si jamais reconhecerá a Deus.” Mas entre Deus e o homem a morte se interpõe, ora qual senda incontornável, ora qual obstáculo invencível. Somente quem arrosta a morte, ou as razões últimas da própria existência, pode superar a angústia que assalta a humanidade ao longo da vida, e mesmo fazer cessar a cansativa fuga de si mesmo que o homem empreende ao longo do tempo.  Tudo mais, segundo naturalmente conclui, é medo da morte e fuga absurda e cínica. Cercado de amigos e familiares, morreu na Sardenha sozinho e preocupado.              

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