segunda-feira, outubro 12, 2009

O estranho
Lá está ele de braços estendidos e imóvel, tal qual o vi esta manhã. Acredito não tenha mexido um músculo até então, a despeito do sol implacável, o que é impressionante. Aparentemente não sente dor, é o que digo. Outro dia vi um ser consumido pelo fogo quando alvejado por um raio em meio à tempestade que principiava. Não ouvi queixa alguma, senão o crepitar do fogo que o tomou rapidamente, quando, enfim, tombou inerte sob fagulhas quais moscas incandescentes. Acha que exagero? Pois veja você mesmo. Observe: não parece se importar com coisa alguma, a esperar de braços abertos não sei se amistoso ou ameaçador. Hirto e sólido, conquanto o olhar suspenso numa insondável e desolada impressão. Estaria a deliberar o extraordinário? Fosse o olhar menos alheado o diria sorrateiro e até perigoso. Mas por desconhecer, fico com a cautela que de lá me inspira.

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